Atualmente, os tratamentos tradicionais para o autismo e outros transtornos do espectro autista, – consultas com fonoaudiólogos, neurologistas e a escolha de escolas especializadas – são complementados com terapias alternativas, que embora não sejam validadas por um grande número de estudos médicos e científicos, são amplamente adotadas pelas famílias.
Estas terapias complementares introduzem animais, aplicativos para tablets eletrônicos e arteterapia na vida diárias das crianças autistas, melhorando suas habilidades comunicativas, a integração social e a qualidade de vida de toda a família.
Cães de assistência
O cão sempre foi considerado o melhor amigo do homem. Um cão de assistência, adestrado para garantir a integridade física, controlar situações de emergência e auxiliar na integração social, pode se tornar o melhor amigo de uma criança com autismo ou transtornos do espectro autista.
Por exemplo, um cão de assistência pode evitar comportamentos de fuga, alertando seus pais ou acompanhando a criança quando esta sair de casa. Da mesma forma, esses animais contribuem para reduzir o estresse e os comportamentos estereotipados dos autistas, ajudando a acalmar as crianças quando estão ansiosas ou irritadas.
Por serem companheiros dedicados, os cães permitem que a criança autista desenvolva habilidades sociais, facilitando o relacionamento e a comunicação com outras pessoas por meio do animal. Outros benefícios incluem a melhoria dos padrões de sono, já que o contato permanente com o cachorro proporciona um estímulo sensorial que o relaxa.
Segundo Bocalán, uma instituição da Espanha dedicada a adestrar e entregar cães de assistência a pessoas em situações de incapacidade, o tipo de comunicação e as atitudes do cão são reconhecidos com mais facilidade por crianças com autismo, possivelmente por utilizar a comunicação visual e emitir sinais de forma simples e na altura da criança.
A Corporação Junto a Ti, com sede no Chile, também colabora com o processo de reabilitação e inserção social de crianças autistas, destinando cães de assistência às famílias. Como bem expressam, “a criança com necessidades especiais, acompanhada de um cão de assistência, tem mais chances de se integrar com sucesso à sociedade”.
Nos Estados Unidos, a organização Compassionate Paws define o papel e o tipo de treinamento do cão de assistência de acordo com as necessidades específicas de cada criança. Por conseguinte, grande parte do processo de adestramento ocorre depois que o cão é introduzido na vida familiar, quando já se formou um vínculo afetivo entre o animal e a criança autista.
Professores, médicos e pais estão usando o Ipad como ferramenta para ajudar crianças com autismo, síndrome de Asperger e outros atrasos no desenvolvimento. Segundo a experiência prática de algumas famílias, as crianças que usam alguns dos diversos aplicativos disponíveis demonstraram considerável melhora nas habilidades comunicativas e cognitivas.
Um dos aplicativos para crianças autistas é o Proloquo2Go. É uma ferramenta que ajuda crianças com dificuldades na fala a se comunicar com mais facilidade por meio de mensagens de texto e voz, símbolos inovadores, ações e conjugações verbais, um extenso vocabulário e muito mais. O aplicativo é recomendado para crianças e adultos com autismo, paralisia cerebral, síndrome de Down, atrasos no desenvolvimento, derrame cerebral ou traumatismo encéfalo-craniano.
Outro aplicativo que permite que crianças especiais se comuniquem com mais eficiência é o Grace. Com esta ferramenta, as crianças podem formar frases a partir de imagens (símbolos e fotos) dispostas em um barco. Ao girar o tablet, a frase construída é interpretada por seu acompanhante, que pode atender a suas necessidades em tempo real. O mais interessante é que este aplicativo favorece a interação entre a criança e seu acompanhante, fortalecendo a compreensão e a confiança mútuas.
O Autism Express é outro aplicativo amplamente utilizado. Como as crianças autistas têm dificuldade para expressar suas emoções e interpretar corretamente o significado das expressões faciais, o Autism Express as ajuda a reconhecer e a comunicar diferentes sentimentos e estados de espírito, mediante interfaces lúdicas de fácil manejo. Desta forma, a criança pode expressar com mais exatidão se está feliz ou triste, se tem fome ou está cansada.
Muitos outros aplicativos para tablets e outros dispositivos móveis estão disponíveis gratuitamente ou a um custo relativamente baixo. Seu principal benefício reside no desenvolvimento das habilidades comunicativas, motoras e cognitivas de pessoas com necessidades especiais, que apresentam diferentes níveis de inteligência e grande memória verbal, o que torna os meios eletrônicos uma excelente alternativa para melhorar sua qualidade de vida.
Arteterapia
As artes visuais, a música, a dança e o teatro são terapias complementares que melhoram as condições de vida das crianças com autismo e outras formas de atraso no desenvolvimento. Tais processos criativos servem de ponte comunicacional com a criança autista.
De acordo com a Associação Americana de Arteterapia (AATA), esta disciplina “emprega o processo criativo para melhorar o bem-estar físico, mental e emocional dos indivíduos, focalizando sobretudo a resolução de conflitos e problemas, o desenvolvimento das habilidades interpessoais, o controle do comportamento, a redução do estresse, o incremento da autoestima e da autoconsciência”.
No caso específico das crianças autistas e com dificuldades de aprendizagem, a arteterapia também gera benefícios cognitivos e sociais. De fato, algumas pesquisas demonstraram que a criação artística promove a comunicação entre os dois hemisférios do cérebro – o direito que armazena memórias gráficas, e o esquerdo, que controla a capacidade verbal-. Portanto, uma pessoa com uma condição especial pode ter uma capacidade maior de articular verbalmente uma experiência depois de se expressar por meio de uma obra de arte.
No aspecto social, as sessões de arteterapia em grupo oferecem às crianças autistas uma oportunidade de socializar em um ambiente seguro, onde possam se expressar livremente. Nesses encontros com a arte, as crianças também descobrem que não são as únicas e que existem outras pessoas com problemas similares aos seus. Desta forma, sentem-se mais conectados com seu entorno.
Segundo Erin Brumleve, “a arte também reduz a fadiga, a depressão, a ansiedade, a dor e o estresse”. Desta forma, a criança canaliza sua energia, habilidades e desafios para o trabalho artístico, e não para si mesmo ou a família.
Uma das entidades que promove esse tipo de terapias alternativas é a VSA, a Organização Internacional de Arte e Deficiência, administrada pelo Centro de Arte Dramática John F. Kennedy, com sede em Washington DC, Estados Unidos.
Esta organização provê educação artística e acesso à arte a pessoas com deficiência. A cada ano, sete milhões de crianças, jovens e adultos participam de seus programas, por meio de uma rede nacional e 52 afiliados internacionais.
Seja por meio de um cão de assistência um aplicativo ou uma aula de arte-terapia, cada vez mais crianças autistas e sua família têm a seu alcance um número maior de alternativas, que a ajudam a levar uma vida normal, feliz e repleta descobertas maravilhosas.
Fonte: http://ajuda.discoverybrasil.uol.com.br/
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