terça-feira, 27 de agosto de 2013

AUTISMO OU NÃO - APRENDENDO A RECONHECER

COMO SABER SE UMA CRIANÇA É OU NÃO AUTISTA - 


1. O autismo é uma desordem global do desenvolvimento neurológico. É uma alteração cerebral que afeta a capacidade da pessoa comunicar, estabelecer relacionamentos e responder apropriadamente ao ambiente - segundo as normas que regulam estas respostas.

Foi descrito pela primeira vez em 1943, pelo médico austríaco Leo Kanner, trabalhando no Johns Hopkins Hospital, em seu artigo Autistic disturbance of affective contact. No mesmo ano, o também austríaco Hans Asperger descreveu, em sua tese de doutorado, a psicopatia autista da infância.

A palavra "autismo" foi criada por Eugen Bleuler, em 1911, para descrever um sintoma da esquizofrenia, que definiu como sendo uma "fuga da realidade". Kanner e Asperger usaram a palavra para dar nome aos sintomas que observavam em seus pacientes.

2. Epidemiologia

A taxa média de prevalência do transtorno autista em estudos epidemiológicos é de 15 a 20 casos por 10.000 indivíduos, com relatos de taxas variando de 2 a 20 casos por 10.000 indivíduos;

No Brasil, ainda não se dispõe de estatísticas oficiais;

Quanto ao gênero, observa-se uma prevalência do autismo no sexo masculino, havendo uma estimativa de que ele acomete de três a quatro meninos para cada menina.

Os indivíduos do sexo feminino tendem a estar mais gravemente afetados em relação ao sexo masculino;

Em relação às variáveis sócio-demográficas, o autismo apresenta a mesma prevalência em qualquer grupo social, cultural e racial da população;

Os estudos genéticos indicam um elevado risco de recorrência do transtorno autismo na mesma família de 2% a 13,8%, o qual chega a ser 200 vezes superior ao risco da população em geral.

É um transtorno incapacitante e aparece tipicamente nos três primeiros anos de vida;

É encontrado em todo o mundo e em famílias de qualquer configuração racial, étnica e social;

Atualmente (2008), 1 em cada 150 crianças é diagnosticada com autismo nos Estados Unidos.

3. Generalidade

3.1. Definição da DSM-IV

Transtorno Autista consiste na presença de um desenvolvimento comprometido ou acentuadamente anormal da interação social e da comunicação e um repertório muito restrito de atividades e interesses. As manifestações do transtorno variam imensamente, dependendo do nível de desenvolvimento e da idade cronológica do indivíduo.

3.2. Definição da CID-10

Autismo infantil: Transtorno global do desenvolvimento caracterizado por:

A) Um desenvolvimento anormal ou alterado, manifestado antes da idade de três anos,

 Apresentando uma perturbação característica do funcionamento em cada um dos três domínios seguintes: interações sociais, comunicação, comportamento focalizado e repetitivo.

O transtorno se acompanha comumente de numerosas outras manifestações inespecíficas, por exemplo: fobias, perturbações de sono ou da alimentação, crises de birra ou agressividade (auto-agressividade).

4. Diagnóstico Clínico

1) Comprometimento qualitativo da interação social, manifestado por pelo menos dois dos seguintes aspectos:

(a) Comprometimento acentuado no uso de múltiplos comportamentos não-verbais, tais como contato visual direto, expressão facial, posturas corporais e gestos para regular a interação social;

(b) Fracasso em desenvolver relacionamentos com seus pares apropriados ao nível de desenvolvimento;

(c) Ausência de tentativas espontâneas de compartilhar prazer, interesses ou realizações com outras pessoas (por exemplo, não mostrar, trazer ou apontar objetos de interesse);

(d) Ausência de reciprocidade social ou emocional.

(2) Comprometimento qualitativo da comunicação, manifestado por pelo menos um dos seguintes aspectos:

(a) Atraso ou ausência total de desenvolvimento da linguagem falada (não acompanhado por uma tentativa de compensar por meio de modos alternativos de comunicação, tais como gestos ou mímica);

(b) Em indivíduos com fala adequada, acentuado comprometimento da capacidade de iniciar ou manter uma conversa;

(c) Uso estereotipado e repetitivo da linguagem ou linguagem idiossincrática;

(d) Ausência de jogos ou brincadeiras de imitação social variados e espontâneos próprios do nível de desenvolvimento.

(3) Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses e atividades, manifestados por pelo menos um dos seguintes aspectos:

(a) Preocupação insistente com um ou mais padrões estereotipados e restritos de interesse, anormais em intensidade ou foco;

(b) Adesão aparentemente inflexível a rotinas ou rituais específicos e não-funcionais;

(c) Maneirismos motores estereotipados e repetitivos (por exemplo, agitar ou torcer mãos ou dedos, ou movimentos complexos de todo o corpo);

(d) Preocupação persistente com partes de objetos.

5. Diagnóstico diferencial

Períodos de regressão podem ser observados no desenvolvimento normal, porém eles não são tão graves nem tão prolongados quanto no transtorno autista, que deve ser diferenciado de outros transtornos globais do desenvolvimento:

* Transtorno de Rett;

* Transtorno Desintegrativo da Infância;

* Transtorno de Asperger;

* Esquizofrenia com início na Infância Mutismo Seletivo Transtorno da Linguagem;

* Expressiva Transtorno Misto da Linguagem Receptivo-Expressiva;

* Transtorno de Movimentos Estereotipados;

* Retardo Mental;

* Surdez

6. Curiosidades

* Algumas crianças, apesar de autistas, apresentam inteligência e fala intactas, outras apresentam também retardo mental, mutismo ou importantes retardos no desenvolvimento da linguagem;

* Alguns parecem fechados e distantes, outros presos a comportamentos restritos e rígidos padrões de comportamento. Os diversos modos de manifestação do autismo também são designados de Espectro Autista, indicando uma gama de possibilidades dos sintomas do autismo.

7. Etiologia

Hoje, sabe-se que o autismo está ligado a causas genéticas associadas a causas ambientais. Dentre possíveis causas ambientais, a contaminação por mercúrio presente em vacinas tem sido apontada como forte candidata, assim como problemas na gestação. Outros problemas como infecção por cândida, contaminação por alumínio, chumbo também devem ser considerados.

Desordens da química cerebral, particularmente envolvendo os neurotransmissores dopamina e serotonina, que protagonizam um papel importante no movimento e funcionamento do sistema límbico, têm sido apontadas.

Ligações entre anomalias genéticas responsáveis pelo desenvolvimento do cérebro estão sob investigação.

As causas biológicas exatas do autismo e das desordens do espectro autista são desconhecidas e é um grande desafio para a sociedade.

Embora não haja uma má formação cerebral, estudos recentes têm observado mudanças bruscas em algumas áreas do cérebro de pacientes autistas, incluindo um aumento moderado, que parece acontecer durante o desenvolvimento do cérebro fetal ou na 1ª infância.

Fatores genéticos, ou a exposição do cérebro em desenvolvimento a alguma toxina ambiental ou infecção, pode ser a causa dessas anormalidades.

O impacto cerebral pode piorar durante a vida, enquanto o indivíduo é continuamente exposto a tais fatores ambientais, ou dentre aqueles com incapacidade de quebrar e se livrar dessas toxinas.

8. Autismo x Sistema Límbico

A estrutura límbica, está envolvida em diversos processos desde a criatividade artística, ao aprendizado de uma habilidade, reconhecimento de estruturas faciais, a ligação emocional, a agressão e ao vício. Então, anormalidades nessa área cerebral, cortam ou proporcionam impressões destorcidas da realidade, levando a inabilidade de efetivamente se relacionar com o mundo a sua volta, provocando um isolamento social.

9. Sintomas

1. Distúrbios no ritmo de aparecimentos de habilidades físicas, sociais e linguísticas.
2. Reações anormais às sensações. As funções ou áreas mais afetadas são: visão, audição, tato, dor, equilíbrio, olfato, gustação e maneira de manter o corpo.
3. Fala e linguagem ausentes ou atrasadas.

4. Ritmo imaturo da fala, restrita compreensão de idéias ou uso de palavras sem associação com o significado;

5. Relacionamento anormal com os objetivos, eventos e pessoas. Respostas não apropriada a adultos e crianças;

10. Espectro Autista

Nem todo autista é igual, existem autistas mais sociais que outros, outros são mais intelectuais, e assim por diante. Por isso dá-se o nome de Espectro Autista a estas diferentes manifestações do autismo: o autismo tem vários níveis, desde os mais graves (o autismo típico em que as pessoas geralmente pensam) até os casos mais sutis. Muitos autistas não são muito diferentes de pessoas tidas como "normais": possuem hábitos consolidados, reagem com dificuldade a situações que os desagradam, possuem manias e preferências.

11. Características mais comuns

*Dificuldade na interação social (como todo e qualquer indivíduo, por exemplo);

* Dificuldade acentuada no uso de comportamentos não-verbais (contato visual, expressão facial, gestos);

* Sociabilidade seletiva;

* Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses e atividades:

* Preocupação insistente com um ou mais padrões estereotipados (movimento circular, por exemplo);

* Assumir de forma inflexível rotinas ou rituais (ter "manias" ou focalizar-se em um único assunto de interesse, por exemplo);

* Maneirismos motores estereotipados (agitar ou torcer as mãos, por exemplo);

* Preocupação insistente com partes de objetos, em vez do todo (fixação na roda de um carrinho ou na boca de alguém que fala, por exemplo);

* Tendência a uma leitura concreta e imediatista do contexto, seja ele linguístico ou ambiental ("levar tudo ao pé da letra").

12. Prognóstico

Para que se tenha um bom prognóstico com relação ao tratamento é preciso que seja realizado um diagnóstico precoce. Um diagnóstico seguro pode ser realizado antes de a criança completar dois anos de idade, desde que alguns aspectos clínicos não sejam desprezados.

Mais de 60% das crianças autistas tem pais com histórico de atopia, incluindo asma e alergias de pele. Crianças normotipicas tendem a responder com o olhar quando chamadas pelo nome por volta de 2 anos de idade.

13. Sinais que podem estar relacionado com o autismo

* Acessos de raiva

* Agitação

* Agressividade

* Auto-agressão, auto-lesão: bater a cabeça, morder os dedos, as mãos ou os pulsos

* Ausência de medo em resposta a perigos reais

* Catatonia (Negativismo, excitação sem propósito, movimentos estereotipados)

* Déficits de atenção

* Epilepsia

* Hiperatividade

* Mutismo seletivo

* Retardo mental

* Transtornos de alimentação

* Transtornos de ansiedade

* Transtornos de linguagem

* Transtorno de movimento estereotipado

* Transtornos de tique

* Transtornos do humor

*Transtornos do sono.

14. Tratamento

Até o momento, os pesquisadores ainda não identificaram claramente os fatores causais do autismo. No entanto, terapeutas e pais de pessoas com autismo têm experimentado diversas formas de ajudar as pessoas com autismo. Muitas abordagens de tratamento têm sido desenvolvidas – cada uma com diferentes filosofias e metodologias. Hoje o que sabemos é que o autismo é tratável e grandes melhoras já são relatadas por todo o mundo.

* Devido ao fato de o autismo não ser uma doença exclusivamente mental, e sim um problema orgânico que afeta vários sistemas o tratamento deve ser muito cauteloso, além de abrangente.

* Destacando o Tratamento biológico e a abordagem Son-Rise.

* O Tratamento biológico é baseado na normalização das funções bioquímicas do organismo, além do aumento da imunidade e eliminação de possíveis metais pesados presentes no organismo (destacando alumínio, chumbo e mercúrio).

15. Psicoterapia

Son-Rise é uma forma de abordagem cognitiva, que leva a criança a um estado de alta conexão com o terapeuta, o que possibilita o desenvolvimento de habilidades sociais.

No início dos anos 70, o casal Barry e Samahria Kaufman, fundadores do Programa Son-Rise, ouviram dos especialistas que não havia esperança de recuperação para seu filho Raun, diagnosticado com autismo severo e um QI abaixo de 40. Decidiram porém acreditar na ilimitada capacidade humana para a cura e o crescimento, e puseram-se à procura de uma maneira de aproximar-se de Raun.

O Programa Son-Rise é centrado na criança (ou no adulto com autismo). Isto significa que o tratamento parte do desenvolvimento inicial de uma profunda compreensão e genuína apreciação da criança, de como ela se comporta, interage e se comunica, assim como de seus interesses.

Quando a criança sente-se segura e aceita por este adulto, maior é a sua receptividade ao convite para interação que o adulto venha a fazer.

Programa Son-Rise oferece uma abordagem prática e abrangente para inspirar as crianças (e adultos) com autismo a participarem ativamente em interações divertidas, espontâneas e dinâmicas com os pais, outros adultos e crianças.

As sessões individuais (um-para-um) do Programa Son-Rise são realizadas na residência da pessoa com autismo, em um quarto especialmente preparado com poucas distrações visuais e auditivas, contendo brinquedos e materiais motivadores para a criança ou adulto com autismo que sirvam como instrumento de facilitação para a interação e subseqüente aprendizagem.

16. Princípios

* Os pais aprendem a construir experiências interativas estimulantes que convidem sua criança a desenvolver-se socialmente dentro de um currículo claramente definido.

* Toda a aprendizagem acontece no contexto de uma interação divertida, amorosa e espontânea que inspira tanto pais como criança.

* O Programa Son-Rise é lúdico. Isto significa que dá-se ênfase à criação de divertidas e motivadoras atividades nas quais a criança esteja empolgada para participar.

* A ênfase está na diversão.

17. Considerações

* A gravidade do autismo oscila bastante, porque as causas, não sendo as mesmas, podem produzir significativas diferenças individuais no quadro clínico. Desta forma, o tratamento e o prognóstico variam de caso a caso;

* Os indivíduos com autismo têm uma expectativa de longevidade normal;

* O transtorno autista é permanente, até o presente momento, não tem cura;

* O diagnóstico precoce do autismo permite a indicação antecipada de tratamento.

* Um tratamento adequado é baseado na consideração das co-morbidades para a realização de atendimento apropriado em função das características particulares do indivíduo.

* A terapêutica pressupõe uma equipe multi- e interdisciplinar;

* A base da terapêutica presume o envolvimento da família;

* A farmacoterapia continua sendo componente importante em um programa de tratamento, porém nem todos indivíduos necessitarão utilizar medicamento.

* Não existe medicação e nem tratamento específicos para o transtorno autista.

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